Copa da África, da África do Sul. A Copa da igualdade e cultura das raças, da vuvuzela, do Mandela. A pioneira do continente africano. A Copa da zebra pastando no inverno gelado. Gelado como não se verá tão breve – e zebras como nunca se viu. A campeã França estava lá e também os fogosos Bafana-Bafana, mas quem levou foram os latino-americanos. Argentina atropelou todo mundo e o Brasil, quase isso. EUA e Chile mandaram bem. Paraguai deixou a poderosa Itália para trás.
Copa do Maradona dando espetáculo, sem o calção, mas de calça comprida e sapatos. Da Jabulani traiçoeira, dos então finalistas precocemente decapitados. Do acesso com a mão, da mão na bola, do golaço com a ajuda do braço. Do Cid Moreira e do Tiago Leifert estraçalhando as fronteiras entre esporte e entretenimento.
A Copa do massacre lusitano na Cidade do Cabo. O Cabañas, provável figura marcante, ficou de fora, baleado. O goleirão da Nigéria não teve time para avançar, mas vai conseguir um empregão, sem demora. Os irmãos Boateng desunidos, ao contrário dos extasiados pai e filho eslovacos. Astros cortados, por lesão, cachaça e até briguinha no meio do caminho. Whites vencedores sem vencer, Brasil sem Ronaldos, e os misteriosos orientais trancafiados. Anfitriões encantados – e frustrados. O retorno da Celeste. A bagunça argentina.
E não é que os senhores da tecnologia e do consumismo aprenderam mesmo a jogar bola? O Zico foi um bom professor. E o Pet não veio, de novo. A Espanha bombante demorou a explodir. Os Canarinhos voando tímidos, sem as asas do Show Man. A muralha de chocolate sucumbiu após quatro anos. Leões e Elefantes domados e aprisionados. A macarronada queimou e a Laranja vem chegando.
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A Copa da África em que a África não vingou, a Europa desapontou, e a América... a América brilhou sete vezes. Forlán, Blanco, Messi, Donovan, Barrios, Lúcio, Sanchez. A voz que ecoa pelo planeta diz em bom castelhano: Soy loco por ti America.
Estamos na metade!